Hora da Recreio

 

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Sabe a famigerada geração Todynho?! Pois é, não fiz parte.

Mas se você for falar comigo sobre a revista Recreio certamente descobrirá que, sim, fiz parte desse clube. MAIS QUE QUALQUER OUTRO! Essa seria, tipo, minha fraternidade no mundo-hipotético-acadêmico-de-infância.

Sim, eu era um colecionador nato das revistas semanais e, claro, dos brindes que a acompanhavam. Foram tantas épocas e eras dentro da revista que eu mal sei dizer qual a minha preferida. Aliás, sei, sim. O período do circo foi uma delícia e montá-lo, eu lembro, me rendeu bons minutos em silêncio e deslumbre.

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Minha primeira revista

Mas nada – NADA MESMO – pôde superar minha primeira experiência de escavação. Sim, Rock Animal foi de longe minha preferida com o jogo de tabuleiro, os personagens, os mini-gibis e toda a possibilidade de estudar história de forma tão lúdica e divertida. Nunca vou esquecer!

Até hoje guardo por aqui alguns dos brindes. Estou bem consciente de onde estão e não me desfarei deles embora já não os use. Quem sabe um dia eu mostre…

E o que falar da revista em si? Delícia de ler! Informativa e divertida na medida certa. Tinha de tudo, desde curiosidades aleatórias, passando por jogos (o meu preferido sempre foi o CADÊ), indo por matérias biológicas super conteudista até sessões esporádicas de artesanato e culinária.

Sem falar nas edições especiais, né?!

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Dia das crianças e Haloween era certo! Podia esperar que vinha sempre coisa boa. Especialmente as da última categoria, cujo capricho continha dicas de como montar uma super festa. Era decoração, culinária, fantasia e até convite!, tudo inspirado no Dia das Bruxas para deixar qualquer um louco de vontade de fazer a lista da festa e sair correndo para o início dos trabalhos… ;P

Mas o dia das crianças também trazia vantagens, como um almanaque extra de jogos, um novo produto Bubaloo para adicionar mais doce ao seu chiclete (um refil, praticamente) e páginas ainda mais recheadas de tudo aquilo que a gente mais gostava!

Melhor que Recreio não tinha…

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Sugestão de fantasia 

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Melhores pratos para o Halloween

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E a decoração também não podia faltar!!! 🙂

 

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Isso sem falar nas coisas que aprendi graças à revista! Como Harry Potter, graças a um desenho nas últimas páginas que me fez sentir instigado, também algumas mágicas com barbante, coisas sobre mim mesmo através dos testes e especificidades sobre Mickey Mouse e a água que só a Recreio podiam trazer…

Melhor revista ever ❤

E sim, hoje foi um dia nostálgico 😉

 

Painel de inspiração – Anne Frank

“Para ser franca, não consigo imaginar como alguém poderia dizer “Eu sou fraco” e continuar assim. Se você sabe isso a seu respeito, por que não luta contra, por que não desenvolve o caráter?”

– O diário de Anne Frank (p. 390) \ Anne Frank

“Lutei demais, durante muito tempo, para me tornar independente como sou. Você pode rir e se recusar a crer, mas não me importo. Sei que sou independente, e não sinto necessidade de prestar contas de meus atos a vocês. Só digo isso porque não quero que pense que estou fazendo as coisas pelas suas costas. Mas só há uma pessoa a quem preciso prestar contas: eu.”

– O diário de Anne Frank (p. 343) \ Anne Frank

“Deus não me abandonou, e nunca abandonará.”

– O diário de Anne Frank (p. 302) \ Anne Frank

“Percebi que podia me virar sem minha mãe, completa e totalmente, e isso doeu. Mas o que mais me afetou foi compreender que nunca poderia confiar em papai. Eu só confiava em mim.”

– O diário de Anne Frank (p. 260) \ Anne Frank

“Ele pareceu frio quando disse que não precisava de amigos. Ah ele está enganado! Não acho que tenha falado sério. Ele se agarra à sua masculinidade, à solidão e à indiferença fingida para conseguir manter o papel que representa, para que nunca, jamais, precise mostrar os sentimentos. Coitado, até quando vai conseguir? Será que não vai acabar explodindo com seus esforços sobre-humanos?”

– O diário de Anne Frank (p. 256) \ Anne Frank

“Quando falo, todo mundo acha que estou querendo aparecer, que sou ridícula quando fico quieta, insolente quando respondo, inteligente quando tenho uma boa ideia, preguiçosa quando estou cansada, egoísta quando como um pouquinho mais do que deveria, imbecil, covarde, calculista e outros adjetivos. O ida inteiro só ouço dizerem como sou uma criança irritante, e, apesar de rir e fingir que não me importo, eu me importo, sim. Gostaria de pedir a Deus que me desse outra personalidade, uma que não criasse antagonismos com todo mundo.”

– O diário de Anne Frank (p. 112) \ Anne Frank

 

Medos irracionais (parte II)

Há um tempo falei aqui sobre os medos irracionais do passado, da era infantil. Todos eram facilmente perdoáveis e tal… Mas confesso, eu omiti os medos irracionais de agora.

E nada dessa coisa de palhaço, boneca e escuro mais não! As coisas que hoje me dão arrepios (é sério esse post, juro!) são outras e mais originais, eu diria. E para falar a verdade, acho que todo mundo deve ter esses medinhos, vai! É, pode assumir aí também, na boa.

Sem julgamentos.

Ok? OK!

Bom, o primeiro caso é um clássico da minha adolescência que persiste até hoje. Quem nunca na vida se interessou pelo tema “Mensagens Subliminares” e gastou no mínimo umas duas horas esgotando o assunto em vídeos e sites especializados no assunto?!

É, esse é meu caso. E ainda ia para a escola com o objetivo de debater cegamente as barbaridades que tinha visto sobre a Disney, a Coca-cola e mais uma porção de multimarcas em que se descobriam diversas mensagens ocultas de cunho sexual ou demoníaca.

E neste último quesito é que residia o verdadeiro problema. Ouvir as músicas “ao contrário” e ouvir aquela voz bizarra falando pequenos mantras demoníacos sempre foi o problema! Tipo, não dava para ouvir sozinho. Me arrepio só de lembrar, ainda hoje. Sabe, já adulto e um tanto calejado desse tipo de coisa eu confesso sabiamente que ouviria tranquilamente toda e qualquer mensagem subliminar nas músicas da Xuxa e Balão Mágico, por exemplo.

O verdadeiro problema mesmo é a hora de dormir. Quando a voz, as palavras, não para de sair da cabeça.

É, dá um medinho, sim…

O outro caso de medo irracional (ou não!) é uma derivação do tema subliminar. Sabe aquela história sobre o quadro dos meninos que choram? Então… Eu odeio a história. E também os quadros, seque suporto olhá-los.

Sério, se eu chegar num ambiente e ver um quadro desses na parede eu acho que saio. Imediatamente! Eu simplesmente tenho calafrio só de ficar os olhos em qualquer um dos quadros. E olha que eles já me afligiam antes de saber da vibe amaldiçoada que eles têm e das condições sobre as quais foram originalmente produzidos.

Fora que há, também, mensagens ocultas nas imagens!!!!

Enfim, não gosto mesmo desses quadro e pronto! E minha avó tem uma história particular com eles, o que só reforça minha apatia. Até escolher umas imagens ilustrativas para esse post foi desconfortável! >.<

Prefiro mil vezes assistir O exorcista, que pelo menos eu acho graça.

E você, do que tem medo ate hoje ?!

P.S

Há um P.S. em todas as coisas. Das bulas de remédio aos planos de felicidade. Das resoluções de Ano Novo, aos sonhos realizados. Em tudo há um Porém Se…

Porém, se você não arrisca morrer tentando cada vez que está vivo, então você já vive à risca uma morte sem descanso.

 

Prioridades

Estou sempre em busca de mais amor, mais amizade, mais lealdade provada, mais felicidade. Sempre estou e nunca sou. Só inconstante e incerto, isto é que internalizo. Essa aliteração INFINITA.

Não sei porque. De todo modo as minhas prioridades não precisam ser entendidas, só atendidas. Eis o problema! Há nesse caso uma grande diferença silábica desde o começo. Está todo mundo procurando suas próprias realizações e obter as minhas, quando estamos todos nadando no mesmo mar, é literalmente como buscar pérolas em conchas que já foram saqueadas.

Não desisto. Uma ora a coisa toda acontece. Se não de vez, então em partes; se não por muito tempo, então num minuto. Há algum sentido nisso: viver. Se soubéssemos qual, não faria sentido viver PARA descobrir. O saber tudo é mesmo um erro; daí sua impossibilidade.

Ótimo, ao menos desses estou livre.

A grama mais verde

Não sei se é uma regra a todas as pessoas, creio que não. A maioria delas quer logo se tornar um adolescente e depois um adulto que dirige e sai à hora que quer, mas eu tive meus dias de Peter Pan.

Enquanto todos se deleitavam na puberdade e suas novidades cheias de promessas, eu me afundava em crises – inclusive de choro -, cada vez mais me infantilizando e fingindo não saber que eu deveria atender às expectativas de um adolescente comum. Comum… engraçado, porque isto é o que nunca fui. Hoje a palavra até me incomoda. Não quero ser comum, normal, ordinário.

Quero ser eu mesmo. Autêntico, com estranhezas. O protagonista e dono de minha própria história! Quero viver como num sitcom e pensar na minha vida como se fosse uma boa série em sua melhor temporada. Mas isso não é real, é só ficção. A vida dos outros é que parece séries intrincadas, complexas e cheias de altos e baixos. A minha não, nunca foi.

Estou no limiar entre o extra e o ordinário. Um vão vazio entre os dois, meu abismo.

Em lugar nenhum é onde estou. Enquanto olho em volta e tudo parece estar em movimento. Por vezes minha vida é tão sem movimento que noto, sem dificuldade, os movimentos de translação e rotação da Terra. Sou a própria inércia, ineficaz até em ser. Tenho dentro de mim listas mentais do que fazer e enredos interessantes do que seria uma vida boa. E minha vida não é ruim, veja só!

É que eu exijo demais do pôr-do-sol. Gosto do que é fabuloso e romanceado, como se fossem trechos de umaboa obra de cinema ou de biblioteca. A verdade é que eu não sou justo, é isso. Nem comigo mesmo, nem com os outros.

Todas as vidas são o que são! Sob a perspectiva alheia, talvez a minha é que se pareça com uma série (certamente experimental e eternamente no piloto) e a deles é que se assemelhe a um quase-nada. Não sei… Provavelmente não. Eu nunca sei e isso é de fato autêntico. Odeio não saber muita coisa, mas não posso odiar a mim mesmo por essa ignorância involuntária. Quando ninguém sabe o suficiente, não posso me obrigar a estar acima de uma média que não sabe se medir.

Sempre tenho a sensação de que estou sendo superado. Na idade em que estou agora pareço não ter experimentado e vivido o bastante, e isso me frustra, essa deficiência. Quando me defronto com pessoas do passado a vida delas sempre parece ter tomado rumos mais respeitáveis e experiências interessantes. É que sou incapaz de olhar para o meu ponto de partida e onde estou exatamente agora, é isso. Não chamo esse defeito de talento para a inveja, mas de autocrítica.

Exijo para mim uma grama mais verde e de cheiro mais doce, sempre. E não o faço em comparação ao meu vizinho da vez, mas de acordo com as orientações do vácuo que há em meu coração. Ele geralmente me consome, esse buraco.

Resoluções de Ano Novo

Parece já um pouco tarde para se pensar em resoluções para o ano que agora é menos um estrangeiro e mais um visitante acomodado. Mas tenho dessas manias, mesmo. Em meu metodismo bagunçado, mais desejado que vivido, sempre burlo as convenções de um novo ano e só vivo.

Desse meu jeito canastrão, como quem ensaia e nunca estreia no palco, mesmo. Faz parte de mim ser assim: desde não dar a mínima para o que a maioria dá até divagar sobre isso como se fosse de fato grande coisa.

Na minha pequenez, qualquer pequeno feito é grande coisa. Na minha falta de assunto e enredo, qualquer bobeira é espetacular. Sou comum demais, mas não ordinário.

Paradoxal, é como melhor posso ser descrito.

Daí é que certamente surge essa novidade por querer uma resolução de ano novo só para mim. E neste ano – ainda que tarde – quero me esmerar com a possibilidade de seguir um cronograma e cumpri-lo do começo ao fim.

Estranho que meus sonhos caibam em papel quando dentro do meu peito eles se acotovelem, gritem e se escondam. É demasiado limitado, eu sei. Mas é alguma coisa. É só o detalhe do primeiro degrau, ou dos primeiros. Na medida em que me comprometo, percebo que não devo demonstrar a expectativa de uma jornada, mas meu interesse por ela.

Se eu me interessar pela vida – a minha, mesmo –, talvez eu não me abandone tanto como antes. Porque é o que sinto que fiz comigo mesmo no passado. Demandei tanto esforço em ser ‘ser humano’ que fui pouco humano inclusive comigo mesmo, o que não me assusta, aliás. Ser humano atualmente tem implicado menos humanidade do que simplesmente o não ser.

Mas o pior, acredito, é saber que como prioridade em minhas resoluções de ano novo está reaver minha dignidade. Porque eu claramente a confundi com orgulho. E definitivamente não é a mesma coisa.

Fuga

Dia desses escrevi sobre minha vontade de fugir, quando adolescente. Não fui de todo sincero. Acho que nunca sou, embora sempre seja.

Digo isso porque não é exatamente uma vontade do passado. Há uns meses aí pensei na mesma coisa. Fugir, ser um andarilho, um nômade, eu acho. Confessei isso a alguém que considero inteligente. Ela me disse que daria certo, só com muito dinheiro.

Engraçado, porque eu não falei de dinheiro. Falei sobre ir para longe, e recomeçar uma vida, um lugar onde eu não tivesse passado para ninguém, onde eu pudesse ser, de fato, quem eu quero ser. Uau, ler isso que eu escrevi me torna tolo. É como me sinto.

De súbito, parece simples. Porque não ser quem quero, agora, se nada me impede. Mas será? Tudo me impede. Essa resolução da fuga, esse objetivo, só me é possível porque a própria ida é uma utopia em si. Sei bem que não faria isso. Seria um desperdício de energia, de vida. Eu continuaria esse mesmo ser, nojento e brilhante a depender da luz que se inside, e do lado que se vê.

Metaforicamente, sou como a lua. Escura e soturna. Mas há algo que, bondoso, reflete sua luz sobre mim e então eu posso brilhar – não sempre. Mas sozinho sou puro pó e escuridão, o que dá medo. Há crateras tão profundas em mim e eternas pegadas de astronautas marcando meu coração para todo o sempre. Sou um satélite, é isso. e orbito por aí, perdido nesse imenso vácuo que é a vida.

Preciso do Sol, entendo. Não tenho de fato para onde ir e, se fosse, não seria nada como imaginei. Preciso mesmo de Sol. Não é fugir que me salva, é ser aquecido.