Resenha: Fazendo meu filme 1, Paula Pimenta

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Classificação: 4 estrelas

Páginas: 331

Editora: Gutenberg

Tema: adolescência, amor, cinema

Link: Submarino

Sempre fui curioso sobre o hype desse livro. As adolescentes amam e, claro, por ser um livro nacional com êxito tão esplêndido eu precisava entender o porquê.

Bom, é fácil entender. O que Paula Pimenta entrega para seus leitores é uma história facilmente assimilada, com uma personagem tão real quanto carismática. Estefânia Belluz (a Fani) é uma menina de dezesseis anos que mora em Minas Gerais e se comporta exatamente como qualquer adolescente brasileira – ou quase isso.

A personagem é cinéfila, o que é uma entrega interessante no que se refere à estilização de personagem (sobretudo na introdução de cada capítulo e seus trechos que funcionam como prévia), mas há elementos muito enriquecedores que funcionariam bem para a empatia com a “heroína”. Os bilhetes em sala, as cartas, o chat e até mesmo a caligrafia da personagem contribuem para o êxito e a credibilidade de Fani.

Em meio a isso tem o grupo de amigos e, claro, o melhor amigo que, de cara, a gente saca que está apaixonado pela garota. Como também é de se esperar, ela ainda não se deu conta disso. O que demora a acontecer, devo dizer.

Se há um problema entre as qualidades desse livro (que, sim, é bem escrito, tem alguns personagens esféricos e diverte) é o clichê. Há vários deles, aqui. E não só o melhor amigo apaixonado pela garota bem diante de nossos olhos! Tem também a paixão adolescente pelo professor, o mal entendido que demora a ser desfeito, enfim…

Não se trata da trama mais original do mundo, até porque ele tem cor e cara de filme de comédia romântica. E isso, por si só, já me evoca certos clichês. É a mesma coisa dos filmes de terror e seus protagonistas destemidos, sabe? Não tem muito como fugir.

Outra consideração a esse respeito é entender que eu não sou o público-alvo desse livro! O que não me impediu de gostar, na verdade. Só me impede de dar cinco estrelas! 😉 Mas vale à pena.

Melhor citação: (p.331)

“Hoje eu sei que nenhum filme é melhor do que a própria vida.”

Resenha: Eleanor & Park, Rainbow Rowell

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Classificação: 4 estrelas

Páginas: 325 (58 capítulos)

Editora: Novo Século

Tema: amor, drama, bullying, aceitação

Link: Saraiva

Sem dúvidas o livro mais fofo que eu li. Não há outra palavra. Enquanto lia e Eleanor & Park iam se aproximando do romance que de fato esperávamos desde o príncipio, o único adjetivo com que eu podia descrevê-los era esse.

Com a premissa um tanto básica de mostrar as vidas dos protagonistas, a autora consegue de forma eficiente fazer com que o leitor torça por ambos. Park é um decendente oriental que pratica luta marcial por influência do pai e tenta aprender a dirigir um carro sem câmbio automático pelo mesmo motivo. No fundo ele é uma amante de boa música e quadrinhos, o que acaba, depois, se tornando um ponto em comum com Eleanor.

Ela, uma ruivona com trajes esquisitos e uma compleição incomum nada mais é do que a filha mais velha de uma família completamente desestruturada e sem condições. Eleanor nao tem dinheiro para roupas melhores, um telefone ou um walkman.

Sim, a história é ambientada nos anos 90 e tem capítulos muito curtos com perspectivas alternadas, o que é bem dinâmico. Tudo nesse livro é datado, mas extremamente relembrável. Esse livro tem um gosto e um sabor bem específicos, e é um dos pontos favoráveis.

Como desfavorável, destaco a repetição de modismos. No miolo do livro, aquele ritmo abrasador que nos enerva a continuar esfria um pouco. A trama não apresenta novidades. Sempre fico com a sensação de que esses livros seriam perfeitos se tivessem menos páginas. Seria mais digno com o leitor, acredito.

Se a história é simples, dar ar de complexo a ela com páginas em demasia só cansa. Passei pelo mesmo deserto quando lia ‘Ana e o beijo francês’, que também começa muito bem e cansa lá pelo quase-final. De todo modo, a leitura é mais que recomendável!

P.S: melhor citação (p.312)

“A gente acha que abraçar uma pessoa com força vai trazê-la mais para perto. Pensamos que, se a abraçarmos com muita força, vamos senti-la, incorporada em nós, quando tivermos longe.”

Resenha: O dia em que matei meu pai, Mario Sabino

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Classificação: 4 estrelas
Páginas: 163 (29 capítulos)
Editora: BestBolso
Tema: família, crime, complexo de Édipo
Link: Saraiva

O livro conta, sem rodeios, não como o personagem matou o pai, mas porquê. São as motivações que de fato importam nessa história, não a elaboração do plano, visto que no primeiro parágrafo já se deu a tragédia e não há mais o que ser efeito a não ser uma visita íntima ao passado do protagonista.

Numa história que envolve complexo de Édipo, sobretudo, o personagem principal vai aos poucos – com memórias infantis e só depois juvenis – delimitando o caráter do pai e o seu próprio. É algo completamente atrelado, e não exatamente subentendido.

Para cada ação do pai, nasce ou cresce uma reação e um instinto naquele filho que, primeiramente impotente, guarda rancores para si numa história crua e bem escrita.

Avalio que este seja um livro curto porque os floreios aqui não são bem vindos, o que é ótimo.

Claro, são bons os livros de tramas policiais que se desenrolam com encadeamento de diferentes perspectivas que aos poucos se somam, mas aqui o viés é orientado pelo relato e confissão verborrágica de um adulto frustrado, amargurado e rancoroso. É uma conversa explícita com o leitor!
E tudo, sem dúvida, é forte na trama (de repente nós é quem somos impotentes). Desde a obsessão dele pela mãe e o que isso desencadeia até as discussões com o pai e quais feridas aquilo abre. Em certo momento os desabafos são interrompidos para que possamos ler um livro escrito pelo narrador-personagem. É uma pausa, um fôlego na história. Mas é, também, uma segunda chance de conhecer aquele que nos conta.

O conteúdo é adulto e choca, mas não é com essa intenção barata que a obra ganha o leitor com avidez. É pela qualidade que não se nega nem no estilo, nem nas palavras, nem no enredo. O mais surpreendente, avalio, é a inevitável estima que de repente desenvolvemos por aquele que mata. Chega a ser irônico e cruel… conosco.

P.S.: Melhor citação (p.51)
“[…] o tédio jamais move os grandes homens. O que os impulsiona é a Ideia.”

 

Resenha: Sweet Tooth – Exército Animal (12-16)

Bom, o negócio está totalmente alucinante nessa história. Com um primeiro volume essencialmente não-verbal, nesse encadernado, é mais uma prova do quão visual é o traço e a personificação de cada personagem.

A essa altura já estamos, pois, muito familiarizado com o Gus (o especial menino híbrido) e o sr. Jepperd (o herói não-politizado)!

Nesse volume foi pura ação! Ainda assim o roteirista abriu espaço para – mesmo que de uma forma pouco aprofundada – contar as motivações básicas de cada algoz da trama. Todos têm, como se sabe, um motivo especial para agir da forma que agem e se apegarem tanto em suas lógicas e crenças particulares.

Bom, o plano de fuga dos meninos híbridos é incentivado por um personagem que outrora foi muito importante no volume passado. De toda forma, são muitos os engajamentos e eu tenho certeza que há muita água para rolar nesse rio chamado SWEET TOOTH.

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As revelações foram estilo punk, se é que eu posso considerar assim. Sem dar spoilers, posso dizer que não seguiu nenhuma linha óbvia, sob qualquer perspectiva, aliás. Foi surpreendente e no timing perfeito.

A violência – agora ainda mais um personagem na história dos personagens – foi tão forte que me parece óbvio que as coisas só piorarão. Espancamento e morte seguirão em linha reta, não duvido.

st7Sério, mal dá para destacar o destaque desse encadernado. Não sei se as novas revelações sobre o “nascimento” (ou não) do menino, se o exército animal que pelas circunstâncias se formou, se a traição de um dos personagens ou a revelação sobre o passado de um deles é que foi mais importante.

Minhas esperanças com relação a Sweet Tooth estão altíssimas, é minha conclusão. Há tanta coisa já explicada e também tanta coisa por vir que em nenhum momento o leitor se sente enrolado, levado à frente com apenas promessas e reviravoltas sem sentido. Não! O caso aqui é totalmente outro. Há, sem dúvida, um roteiro denso e intrincado que faz gosto acompanhar.

Mas devo confessar: começo a economizar, para não acabar tão rápido. 🙂

P.S.: 4 estrelas

Resenha: Sweet Tooth – CATIVEIRO (6-11)

Bom, o encadernado já desmitifica, de imediato, uma questão bastante importante: não há reserva nenhuma! Há, sim, um Acampamento da Milícia.

Isso era um dúvida particular, na verdade. Eu realmente achava que naquele caos de sociedade pudesse realmente haver um grupo que tentasse proteger os híbridos, mas não há nem nunca houve. Sabe, era uma esperança… mas já está jogada por terra e a realidade é aquilo lá: um por ninguém e todos por nenhum.

Embora, eu saiba, a coisa toda está para mudar, como indica o final do enredo.

Outra esperança antiga que já nesse encadernado foi colocada por água abaixo é a questão do apocalipse. Eu acreditava que essa pudesse ser uma pista falsa e logo tinha associado ao termo à história bíblica. Bom, a questão aqui é diferente – embora haja, ainda, muita referência a Deus, o bom e o mau -, pois trata-se de um surto de doença que acometeu a sociedade rapidamente.

A maioria das pessoas já morreu, e os sobreviventes que ainda não morreram já têm a certeza dentro de si de que falta pouco. A praga, afinal, contamina a todos (exceto os híbridos) e nãos e sabe se pela água ou ar.

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Embora pouco ainda se saiba de parte da trama, muita coisa foi esclarecedora nesse volume que compreende as partes 6 a 11. Sério, ficou muito claro do porque os híbridos são rentáveis para alguns “caçadores de recompensa”, o que as autoridades querem com essas crianças e porque parecia um problema que o Gus (Sweet Tooth) tivesse nove anos.

Pouco a pouco a trama foi se adensando, nesse volume. Muita cena do passado, trazida como lembrança, fez com que as peças pouco a pouco se ajustassem!

st5O Sr. Jepperd, por exemplo, já se destacou nesse volume como um personagem totalmente esférico, cheio de possibilidades e de carga emocional que pode ser explorada das formas mais intensas possíveis; para o bem e para o mal. Acompanhar a opção e as principais motivações do personagem o tornou tão humanizado que é muito natural não por, sobre ele, nenhum tipo de julgamento.

Aliás, eu já esperava que houvesse uma razão norteadora para o que ele fez no final do primeiro encadernado. Era, afinal, muito cedo para ter alguma antipatia pelo personagem.

Com o maior conhecimento que temos dele no segundo encadernado, o aprofundamento da sensibilidade no quadrinho é ainda maior que a primeira experiência. É tudo muito denso e tocante, ao mesmo tempo. Fora que o traço continua surpreendendo, com as sobras que distorcem, a tristeza que deforma, enfim… Vou esperando cada vez mais da história.

Você pode saber mais do enredo, opiniões e preço aqui.

P.S.: 4 estrelas

Resenha: Carrie – a estranha, Stephen King

Bom, o que falar deste clássico de um dos maiores autores do horror literário mundial? Muito, acreditem. Há muito que dizer. Esta, que foi a primeira obra de Stephen, é um apanhado de qualidades salientáveis… e alguns defeitos também, inegavelmente.

Em resumo o livro é brilhante, misterioso, frustrante e previsível. Eu sei que os dois últimos adjetivos não são exatamente bons, mas é igualmente certo que eles não alteram a qualidade da obra. Afinal é Stephen King! O mestre de tantas obras que já foram adaptadas para o cinema como ‘O iluminado’, ‘À espera de um milagre’ e até mesmo a própria ‘Carrie’. Quem assiste SBT bem sabe que é verdade; volta e meia o filme passa por lá.

Mas sobre a obra me empenho em dizer o quanto é, desde o início, regada a mistério. Não mistério do tipo angustiante ou coisa do tipo, mas um mistério parcialmente revelado e parcialmente oculto. A verdade é que sim, o livro é bem previsível. E não pelo enredo ou sinopse, mas pelas próprias páginas introdutórias.

De um jeito não muito preocupado você sabe quem fica vivo no final, quem resiste e quem morre. O que você não sabe é como tal pessoa morre ou o porquê fica vivo, é esse o verdadeiro motivo que te faz virar as páginas com real interesse. Me surpreendi com alguns fatos, o que prova a qualidade da obra ao fim de tudo.

Outra coisa que reafirma a qualidade é a narração recheada de “aliados”. Existe no livro um apanhado de documentos que se misturam a narração comum. Coisas como trechos de cartas, de livro acadêmico, biografia, jornais, depoimentos, entrevistas e mais uma infinidade de outros tipos textuais. E não é nada cansativo ou forçado como se supõe ser. No começo é até estranho, mas aí tudo fica tão natural quanto água num rio. Somos privilegiados também com diferentes perspectivas de um mesmo fato, pensamentos inesperados dos personagens, equívocos (propositais) de escrita e escuta. Enfim, nesse quesito o livro é brilhante.

Mas aí chega o momento de ser frustrado. A frustração é rápida e acontece num momento em que o autor parece querer lhe dar esperanças apesar do tormento esperado. É quase como querer provocar em nós o pensamento de que tudo pode mudar. Mas não muda. O enredo é bem firme! Se propõe a fazer aquilo que sugere.

No entanto as poucas mudanças que há são bem sutis. A última delas é, inclusive, perfeita! Deixa a pulga atrás da orelha.

‘Carrie, a estranha’ é recomendável: pra quem se interessa por jornalismo e os diferentes tipos de narração; pra quem gosta da velha e boa história da garota feia que é humilhada mais resplandece e se vinga, pra quem também gosta de um suspense literário um tanto cru e, é claro, pra quem curte o tão renomado gênero sobrenatural.

De todo modo saiba: não dá medo. Medo é ler, e não gostar (nem um pouquinho).

P.S. 4 estrelas

Resenha: A música que mudou minha vida, Robin Benway

Definitivamente esse não é só um livro jovem para jovens. Essa é, digamos assim, uma autobiografia da garota que tanto eu quanto vocês deveríamos saber quem é. O nome dela? Audrey Cuttler. Aquela da música, lembram?

Não lembram? Então é hora de ler!

Assim é ‘A música que mudou minha vida’ (título longo, eu sei, mas absolutamente apropriado), nos deixa já no primeiro capítulo com a sensação de que deveríamos ter ouvido falar antes da história. De um modo geral, Audrey nos transforma em ouvintes da sua história de fama instantânea e de algumas confusões. E pode acreditar, por várias vezes ela se comunica, considera a hipótese de formar uma amizade e até nos faz crer que deveríamos mesmo já ter alguma ideia sobre aquilo que nos diz.

É uma ficção com ares de não ficção, entende? Algo não totalmente brilhante, mas plausível. Aliás, brilhantismo não é o que se pode esperar deste livro. Como provavelmente é sua história, era a de Audrey, e isso significa nada de sobrenatural, aventura impossível, coragem absurda, futurismo e nem nada do tipo. A história brilha por ser possível e divertida apesar das normalidades. Claro que há um acontecimento especial que norteia todas as páginas e capítulos seguintes, mas esse seguimento não está repleto de loucuras e coisas improváveis que divertiriam e distanciariam o enredo da realidade. Pelo contrário, as confusões são bem justificadas e não são previsíveis, a história é limitadamente comum sem ser clichê e tudo mais que poderia ser de um jeito acaba sendo de outro.

É inevitável não querer adivinhar os acontecimentos de um livro e, sinceramente, eu tentei com este e errei diversas vezes. Como eu disse, não há nada exatamente que possa tirar o fôlego de alguém, mas há muitas expectativas e o melhor… nem todas elas são deixadas para o final.

Destaco como pontos altos o riso que provoca, o gosto ácido de ironia e sarcasmo, as cenas de amizade e amor, as normalidades de uma vida normal sendo apresentadas como especiais sem que nada sobre isso esteja explícito. E a música. É um livro – logicamente – bem musical e cheio de referências pop (e quando digo isso, não é sobre o gênero musical, já que no livro o que prevalece é o rock).

Mas como pontos baixos, destaco alguns personagens sem função (se forem inteligentes e lerem esse livro, saberão quem são) além da carência de característica física em algum deles, uma única promessa de algo que até o final não se cumpre e, como não poderia deixar de ser, a falta de mais páginas no último capítulo.
Contudo, o final não decepciona, só merecia mais palavras (eu acho).

‘A música que mudou minha vida’ é recomendável: pra quem aprecia livros jovens e não sobrenaturais, pra quem ama linguagem despojada e qualidade narrativa ao mesmo tempo, pra quem duvida que uma vida normal possa ser divertida; pra quem gosta de música alta e, é claro, curte leitura divertida.

Certamente esse livro não vai mudar sua vida, mas vai torná-la mais divertida enquanto houver páginas no caminho!

P.S.: 4 estrelas!

Resenha – O silêncio dos inocentes, Thomas Harris

Download-O-Silêncio-Dos-Inocentes-Thomas-Harris-em-e-PUB-mobi-e-PDFComo começar? Também a todo vapor? Porque o livro já começa bem encaminhado. O Thomas não fica enchendo lingüiça, mesmo quando achei que o faria. Sempre tem uma coisa nova, sempre tem uma carta na manga, sempre tem. Sempre!

Claro que nem sempre Clarice Starling está metida em coisas para descobrir, mas as cenas mais mornas são todas rapidinhas e estão sempre entre algo interessante e outra coisa esfuziante. O mérito de O silêncio dos Inocentes, além do título e da capa condizentes, está em Hannibal. Buffalo Bill que me desculpe, mas ele nem é a estrela do livro. Certo, Bill?

Outro mérito também destacável é que o livro divide as atenções. A gente não fica preso à Starling o tempo todo. A gente conhece a vítima, o procurado, o canibal… isso contribui para vê-los como humanos, para conhecermos suas razões, entendermos coisas que não seriam possíveis se a visão fosse unilateral. Digo que Hannibal é a estrela porque por ele as coisas vão acontecendo, ele tem o script, ele está nos melhores diálogos. É impressionante como se pode querer conhecer mais daquela mente perturbada e brilhante.

Julgo que esperava mais participação do Hannibal. E embora as descobertas tenham sido graduais e convincentes, a suposta melhor cena de todas também não foi lá essas coisas. Buffalo Bill era um louco, eu sei. E só de longe transparecia imponência e força, apesar da fragilidade e debilidade, mas ainda acho que ele merecia um confronto melhor. Em minha opinião, o que dá para melhorar está bem no final. Me dá certa aflição ver um livro chegando ao fim e o clímax deixando a desejar…

O silêncio dos Inocentes é para: quem goste de romance policial e suspense, quem não se importe em conhecer o vilão antes do fim, quem deseja ler uma obra mais intrincada e elaborada, quem se interesse por essa coisa de revelação de crimes e busca pelo culpado.

Não se intimide em romper o silêncio. Mal não faz e dormir não impede.

P.S.: 4 estrelas

Resenha – Pão-de-mel (Rachel Cohn)

Pão-de-MelÉ preciso dizer que eu não gostei desse livro… No começo, é claro.

O que faz ele tão inicialmente desgostoso? Não é uma regra, claro que não. É, sim, uma opinião minha. O livro começa um tanto veloz de mais e propondo de menos. A narração é tempestuosa e trata bem o jeito rápido e afiado de um pensamento jovem como o da adolescente Cyd Charisse. Não é como se ela consiga se prender em algo pra contar ou alguém pra descrever. A rapidez com que ela muda de assunto faz parecer aquelas pessoas que começam a falar de chocolate e terminam falando de jóias em menos de cinco minutos.

E aí você tem de se perguntar: como é que isso aconteceu mesmo?
O defeito da obra de Rachel Cohn, a meu ver, são a falta de uma história pra contar e o jeito rápido de narrar para apresentar fatos e personagens no início. Depois o livro simplesmente ganha novo fôlego.

Circunstâncias na vida da personagem fazem surgir uma história e desaceleram o que antes parecia ser meio desenfreado. E o livro tem uma boa dose de cultura pop (nada muito original), certas cargas de ironia (também não originalíssimo assim) e uma protagonista totalmente insana, criativa, sonhadora, potencialmente problemática, chave de cadeia (na visão de Luis), rebelde (na visão dos pais) e descarada (na visão do antigo diretor).

Cyd Charisse é o trunfo do livro. Tem em suas mãos as idéias maravilhosas de comunidade, a consciência de não ser nem uma santinha e as tacadas que provavelmente irão te fazer rir. Ela é ótima com apelidos! E Rachel Cohn é ótima em não apostar em garotinhas virginais temerosas e melancólicas; apesar da maluca (e por vezes infantil) Cyd ser um tanto mimada.

Pão-de-mel é recomendável para: quem gosta de conhecer perspectivas singulares de uma vida em aprendizados, quem gosta de sentir que aprendeu alguma coisa no final de um livro mesmo que não seja a melhor e maior das lições, quem busca diversão despretensiosa e, finalmente, para quem um dia já teve como confidente algo que nunca teve voz audível, somente telepática…

Quase tão doce quanto um pão de mel – talvez melhor que muitos deles – assim é Pão-de-Mel. Por que não experimentar?

P.S.: 4 estrelas

Resenha – Todo garoto tem, Meg Cabot

imagesAquela velha leitura despretensiosa, sabe? Gostosa, como diria a própria Jane Harris (que ama esse adjetivo, quer dizer).

É realmente um desses livros que não tem a menor intenção de impactar ou ensinar nada, mas que quer faz sorrir na frente de palavras que se dispõem ora para demonstrar uma situação de vergonha alheia, ora para elucidar um momento “fofo”, ora para simplesmente divertir. É isso. O livro diverte.

Do mesmo jeito que divertem essas comédias românticas que só de olhar para a capa você já deslumbra o final. É bem assim! O final todo mundo já sabe ao ler as 15 primeiras páginas. O que realmente te mantém no livro são os argumentos usados para se chegar ao já sabido fim. E um livro embasado em e-mails, relatos num diário de viagem e num palmtop têm de se desdobrar eficientemente para manter um leitor, não é mesmo? Isso a Meg Cabot faz! Bem feito, viu?

Alguns argumentos são até originais porque o que realmente surpreende nesse tipo de obra é mesmo a parte central entre o começo e o fim. Tenho cá minhas dúvidas se a história é realmente tão crível quanto deveria ser. Alguns e-mails são simplesmente melhor resolvidos com um telefonema. Mas gastar com telefone pode ser caro, então… É, o excesso de e-mails pode ser crível. Sem ressalvas, então.

Todo garoto tem funciona: para quem nunca se cansa de comédias românticas, solteironas à espera do príncipe-com-defeitos-suportáveis, quem realmente só quer se divertir e, por fim, aqueles que nunca riram na frente de um livro.

Descubra o que todo garoto tem, além do óbvio, e divirta-se com o anexo grande! [Oi?]


P.S.: 4 estrelas