Modo verbal

Nos muitos dias em que nos embolamos, gerúndio é certamente a forma nominal que nos move cotidianamente. Estamos, pois, sempre fazENDO, pensANDO, sumINDO… e indo.

E enquanto vamos, nesse loop infinito de desconhecimentos chamado vida, nos surge a necessidade por vezes inominada de pensarmos infinitivo. É preciso, afinal, amAR, vivER, refletIR… e vamos.

E então chegamos. Não ao fim, mas ao estado crítico em que talvez pareça o fim, queríamos que fosse assim ou perdemo-nos em enfins. Não é o fim! É só a fase particípio da vida. Dolorosa como só, é quando por dentro sentimos o coração como que esquecIDO, envergonhADO e… E mais um sem-número de formas dentro desta: preterIDO, desprezADO, estressADO, maltratADO, subjulgADO, subestimADO, incapacitADO, […] [……] cansADO. Mas nunca terminado em –EDO. Édo conhecimento de todos, afinal, que a fase é ruim e não permite floreios; mas também não é poderosa o bastante para encarcerar os corações versados não apenas em verbos, mas em tudo o que há. E nEle há… TUDO.

Mudança! AMADO, QUERIDO e CUIDADO também são particípios. E coexistiram, sempre, independente de todo o resto.

Às vezes escapa pelos dedos

Acho que eu pedi para não aparecer.

Mas Ele deve ter dito: “Vai, sim. Eles estão esperando por você já há algum tempo…”
E então eu vim. Mas eu não quis continuar, eu lembro.

E sinceramente, por que deveria?

Mas Ele meio que disse: “Vai, sim. Há algumas coisas que você ainda precisa começar a fazer”

E desde então não tenho certeza se já faço. Sei lá… é complicado.

Às vezes é quase como se não tivesse nenhum retorno. E às vezes o prelúdio de algo muito bom. Mas de um modo ou de outro é sempre insuperável o estar com Ele e Dele ser: filho, servo, amigo, enfim, o que der se não der o que eu EU quiser.

Ele me tem cativo e com a promessa ativa de que não vou pedir pelo mais fácil, embora seja sempre tentador.
E então vivo. Uns dias apáticos, outros melhores. A vida é isso aí mesmo que a gente tem nas mãos e às vezes não sabe como manejar. E eu, particularmente, sou desastrado demais. Ainda que cuidadoso. É possível? Sim, se chama complexidade humana.

E eu digo que não é fácil ser gente. Não gente de qualquer jeito, claro, mas GENTE. Que apanha, que levanta, que teima, que quer desistir e não desiste, que erra. Erra, erra, erra, erra… e gosta de errar.

E depois se arrepende de ter gostado… (risos)

Viver não só com Deus mas para Ele é das coisas mais difíceis a que me permiti desde que “desci a contragosto”. Eu digo não diariamente a um monte de atalhos, risos fáceis, diversão em alta escala só porque penso no futuro e por isso prefiro a estrada tortuosa, desregular e por vezes solitária.

Não é fácil preencher os requisitos, por assim dizer. Estou no processo. Mas firme. Quando eu disse sim a Ele, eu quis dizer sim até o final. Independente de quando, onde e como seria isso. Independente da minha vontade de antecipar ou de adiar, ao bel prazer de como estou, com quem estou e o que de fato sou.

Viver não é fácil, mas se aqui fomos colocados para isso… por que não?

E mesmo que aos demais olhos eu mais sobreviva do que viva, há uma recompensa. Não a coroa, não as novas vestes, não o novo nome (um mais sonoro, por favor, ok?), não o ouro e toda a riqueza, MAS ELE… que sempre está lá quando ninguém mais pode estar!!!